Boa noite, aqui estou com mais uma folha, mais um acontecimento visto com um olhar, não se pode dizer crítico, mas a verdade é que são os olhares próprio da idade, que hoje visto a esta distância se tornam engraçados, pois era como eu via a festa da minha Póvoa.





A festa da aldeia.

À festa na minha aldeia

anda tudo em movimento
uns só pensam no trabalho
outros no divertimento.


Uns homens apanham murta

para as ruas enfeitar
outros numa grande azáfama
a capela vão caiar.


Os novos também ajudam

não pode ser só brincar
vão pedir de porta em porta
para a quermesse enfeitar.


A Senhora do Bom Sucesso

é padroeira da terra
todos lhe pedem saúde
e que acabe com a guerra.


Quando sai a procissão

que lindos vão os andores
os santinhos vão no meio
tudo à volta são flores.


O Santo António é pequenino

mas dizem que faz milagres
as raparigas solteiras
pedem que lhes dê rapazes.


Os anjinhos tão bonitos

todos vestidos de branco
uns nas costas levam asas
outros só têm um manto .


Esta coisa não percebo

e até me dá que pensar
os grandes é que prometem
e os pequenos vão pagar.


Às janelas põem colchas

de seda ou de renda fina
estão no baú todo o ano
cheiram a naftalina.


Recolhida a procissão

vamos lá continuar
pode-se abrir a quermesse
e a banda pode tocar.


Na segunda há cavalhadas

de burro e de cavalo
para os prémios, há coelhos
galinhas e até um galo.


Há noite à bailarico

para as festas encerrar
para haver mais para o ano
temos todos que ajudar.



Tal como disse no princípio era assim que eu via a festa, e era naquela altura um grande acontecimento, quem tinha saído de cá, por motivos de ir em busca de melhor vida, no dia da festa voltava sempre, até para visitar os amigos ou a família que ficara por cá, embora por aqui, fossem raros esses casos, havia muito trabalho por cá, no campo e nos matadouros, daí a razão de termos cá muitas famílias, que vieram de outros locais e aqui fizeram as suas vidas.

Voltando à festa passados todos estes anos, mantêm-se a tradição, hoje com mais luz, mais som, sem os arcos feitos de murta, mas aqui a tradição ainda é o que era, também já não há o cheiro da naftalina, nem tantos anjinhos, ficaram adultos e já não querem castigar os pequenos, enfim ainda bem que nem tudo se perdeu. Uma boa noite para todos os amigos, que nos vamos encontrando por aqui.

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