Avançar para o conteúdo principal
A AMIZADE
A amizade é
uma planta
Que não tem
cheiro nem cor
Cultiva-se
pela vida fora
Na alegria e
na dor
Dizem por aqui
que hoje é o dia do amigo.
Embora eu
saiba que os amigos, são amigos todos os dias, e tenho provas disso, resolvi ir
ao meu velho caderno e trazer algo que escrevi à mais de cinquenta anos.
Numa altura em
que eu queria muito ter um amigo/a muito especial.
Dito assim
pode dar uma ideia errada, mas eu passo a explicar.
Como já vos
tenho dito assim que comecei a ter o gosto de escrever, passava o tempo a
escrever para um amigo imaginário, que sabia que nunca iria ler as minhas
palavras.
Mais tarde
quando saí da escola, e porque graças a ser a mais nova e protegida pelos três
irmãos mais velhos, fiquei em casa, sem ter que ir trabalhar para o matadouro
ou para o campo que era o futuro da maioria das raparigas da minha idade,
continuei a "desabafar" com o papel.
Aos treze anos
comprei a primeira máquina de tricotar e foi esse o meu sustento até aos vinte
e nove anos quando fui para o café.
Mas então não
é que eu certos dias tinha "inveja" das outras raparigas que se
levantavam às duas horas da madrugada para irem lavar as tripas dos porcos?
Acreditam
nessa estupidez?
Mas era
verdade, e porquê?
Porque eu
passava os dias sozinha em casa a trabalhar é certo, mas tinha momentos em que
preferia ter um trabalho mais pesado e ter companhia.
À tarde ficava
a ver as outras raparigas passarem à minha porta em grupos a falar umas com as
outras a rirem mesmo depois de um dia bem pesado, mas a idade tudo lhes
permitia.
Gostava de
falar com elas mas era diferente, eu chegava à porta trocávamos meia dúzia de
palavras e elas tinham que ir descansar, e sempre com esta vontade de falar.
Os meus pais e
irmãos também chegavam cansados e na maioria dos dias já não tinham pachorra
para me aturar.
Foi num desses
dias que escrevi o que vou partilhar convosco, como vêm sempre valorizei a
amizade.
A amizade que
eu procurei desde sempre. Sem amizade a vida não faz sentido.
Hoje eu
acordei, zangada comigo
E até com a
vida, a barafustar
Cheia de
azedume
Mas não sou
assim
E não é
costume
Este mau humor,
logo ao despertar
Estou no alto
mar
Sinto-me à
deriva, sem saber nadar
Procuro uma bóia,
para me agarrar
Talvez um
amigo
Que esteja
disposto, e com paciência
Para me aturar
Que fique em
silêncio
E de olhos nos
olhos
Me deixe falar
Não sei bem se
existe
Mas, como sou
teimosa
Lá vou
procurando, até encontrar
Um amigo
alegre
Que me conte
histórias, que me faça rir
Que me chame
chata, quando já cansado
Não me queira
ouvir
Que me dê a
mão
Que saiba ser
justo
Se eu não
estiver certa
Que me diga
NÃO
Que corra
comigo, rumo ao sol-pôr
Que lhe roube
os raios de luz e de cor
Que faça com
eles, para me oferecer
Um enorme laço
Que nos dias
tristes ao ver-me sofrer
Me dê um
abraço.
Mas afinal
Será que acordei,
ou estou a sonhar?
Um amigo assim
Será que algum
dia eu vou encontrar?
Comentários
Enviar um comentário