A Pega Feita de Guitas

Boa noite meus amigos.



Hoje falei com um amigo de infância, que há pouco tempo descobriu que eu tinha facebook, começou a ler as minhas publicações e agora veio perguntar-me, se não pensava em escrever um livro. Se nunca me tinham falado nisso? Sim, já muitos amigos me disseram o mesmo.

Mas pensam que qualquer pessoa escreve um livro? Estão a imaginar chegar a uma papelaria e ver um livro da Ti Rosa do café na estante.

Pois é, só para rir, e depois já repararam que os escritores famosos estão todos já a fazer " tijolo" eu, não tenho pressa nenhuma de "ir desta para melhor" e além disso, depois passava a ter que fazer sessões de autógrafos e, atender os jornalistas, já não tinha tempo para estar aqui a passar estes momentos convosco.

Portanto é assim.

Contentem-se, com estas folhinhas do meu caderno velhinho e não digam que vão daqui.

Agora, vou mudar de caderno, este não tem versos, são histórias, qualquer comparação entre a ficção e uma realidade longínqua, não é pura coincidência.


Era uma vez uma menina, que um dia ao ver uma vizinha a fazer malha, umas pegas muito lindas só com uma agulha, lhe perguntou: se não se importava de a ensinar, mas não tinha agulha nem lã. A vizinha, uma senhora que tinha vindo do Alentejo e se chamava Senhora Candeias, deu-lhe um pedacinho de lã e emprestou-lhe uma agulha e ensinou-a.

Agora o que a menina queria era fazer umas pegas para dar à Mãe, porque vinha ai o Natal e era sempre igual, só ela e os irmãos é que punham o sapato na chaminé para o Menino Jesus lá deixar um pacote de bolachas, ela já sabia que era a Mãe e não o Menino Jesus, mas fazia de conta que não sabia, para a Mãe não ficar triste. Então ela queria ter uma prenda para dar à Mãe, aprendeu a fazer malha mas não tinha lã, como é que ia fazer? Foi juntando as guitas que vinham a atar as sacas, porque morava numa quinta e os donos da quinta tinham muito gado e muitas sacas, durante muitos dias foi procurando, procurando, porque nada se deitava fora, tudo tinha utilidade, e tinha que ser às escondidas que conseguia arranjar as guitas, o Ti Xico estava sempre a perguntar, ó rapariga, o que é tu queres daqui? Nada Ti Xico estou só a ver as vacas e os bezerros. Umas brancas outras azuis lá foi atando as guitas umas às outras.

Por fim, com muitos nós e sem grande perfeição, conseguiu fazer uma pega com as guitas, ficou toda contente e na noite de Natal quando os pais se deitaram foi buscar um sapato da Mãe para pôr na chaminé com a sua prenda, mas ao pegar no sapato da Mãe viu as botas do Pai, e não tinha prenda para o Pai, foi à mala da escola e escreveu uma carta para o Pai onde lhe contava como tinha aprendido a fazer malha com a Senhora Candeias e as vezes que se escondeu do Ti Xico para lhe roubar as guitas.

De repente lembrou-se que o Pai não sabia ler, ficou triste, com vontade de chorar, mas resolveu o assunto, tirou o pacote de bolachas que estava no seu sapato e pô-lo na bota do Pai, ficou o resto da noite acordada pois não queria que os pais chegassem à cozinha primeiro do que ela.

Quando os pais se levantaram ela foi a correr para junto da chaminé, e disse: O Menino Jesus está todo tarouco, não viu o meu sapato.

Os pais pegaram-lhe ao colo e começaram a chorar. Ela nunca tinha tido um Natal tão lindo.

E pronto meus amigos, assim passei, mais uns momentos na vossa companhia, espero que tenham gostado da história.

Que tenham um fim de semana o melhor possível, junto das vossas famílias com saúde e paz. Que a coragem e a esperança vos acompanhe, vamos acreditar que o sol vai brilhar e que vamos ter a nossa vida de volta. Muito obrigada pelo vosso carinho.

Bem-Hajam.

 

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