Procuro um sorriso

Hoje cá pelos meus lados anda tudo de «pernas para o ar». Fui ao supermercado e quando estava na fila para pagar comecei a olhar à minha volta e estavam mais de uma dúzia de caixas a funcionar, em cada estavam quatro ou cinco clientes, e não é que entre tanta gente eu não consegui vislumbrar um sorriso? Eu sei bem demais que nem todos os dias estamos bem dispostos. Quantos dias acordo cheia de vontade de chorar e de fugir, mas entre tantos não haver um apenas que mostrasse os dentes, mesmo que sejam de plástico, os meus também são, mas estão pagos «e bem» e não me incomoda nada que se vejam, será que sou só eu que «giro»ao contrário? Será que já não somos gente e eu ainda não dei por isso? É que eu sou gente, posso não ser da melhor qualidade, mas sou gente e até gosto muito de mim, mesmo que mais ninguém goste. Sei que aprendi à minha custa e à custa da minha doença, pois não sei quem foi o «artista» mas ainda hoje penso que o «bocado» que me tiraram do corpo cresceu em dobro no coração. Oxalá que quando eu embarcar lá para outro lado não leve comigo o que sinto cá dentro, oxalá se possa distribuir por aí, e garanto que alimentava uma família. Ao pensar tudo isto lembrei-me de um poema escrito já à tempo sobre o sorriso.

Procuro um sorriso
desses sem juízo
que pulam e saltam
por aí à toa
mas que não são tontos
e apenas se entregam
se for gente boa.
Procuro um sorriso
tenho que encontrar
para poder dar
aos tais avózinhos
que vivem sozinhos
sem paz nem carinhos
nem sabem sorrir
e apenas sentem a vida a fugir.
Procuro um sorriso
mas já com juízo
para dar ás crianças
que não o conhecem
mas que o merecem mais do que ninguém
são puros, inocentes
merecem sorrir, para serem ALGUÉM.

Rosa Borges Simões

Meus amigos já dei o meu sermão, resta-me desejar um bom fim de semana para todos, e quando se depararem com um sorriso tentem multiplicá-lo, não custa nada, e já agora para quem me entope a «caixa do correio» com correntes, se gostam de partilhar, partilhem esta mensagem. Quem sabe se para a semana não vou encontrar alguns sorrisos no supermercado. E fiquem sabendo que quando forem lágrimas eu guardo para mim, não as quero partilhar convosco.