Dia Mundial da Água


 Vim até aqui para passar uns momentos na vossa companhia.

Vejo que hoje é dia de comemorações, é o dia da água, da música, do sorriso e do idoso. Fiquei sem saber porque "ponta" começar.

No primeiro impulso iria falar nos idosos, mas só conseguia pensar em todos os que estão abandonados à sua sorte, naqueles que trabalharam toda a vida e a quem a sorte não bafejou e se encontram sozinhos, alguns apesar de terem família (que os visitam pelo Natal) não têm um carinho, nem uma palavra amiga nas horas de solidão.

Ao lembrar - me de tudo isto perdi a vontade de me alongar na conversa.

É algo que me toca profundamente e nem todos os dias estamos inspirados para falar em determinado assunto.

Portanto também perdi a vontade de brincar com o sorriso, e como música só de ouvido, resolvi falar da água.

Anuncia-se então com grande pompa, que se comemora o dia Mundial da Água.

Muito bem, se há dias para tudo porque não, o dia da água?

Numa altura em que grandes problemas se enfrentam com a sua falta, sim, que se fale muito sobre a água e a importância que ela tem na nossa vida.

Sim porque nascemos da água, grande parte do nosso corpo é composto por água, não podemos viver sem ela.

Tudo muito certinho, mas depois tudo não passa de conversa da treta, ou de chacha como se dizia no meu tempo de criança.

Quem é que se preocupa com o que se passa?

Desde que se tenha água para o que precisamos tudo bem, quem vier atrás que feche a porta.

Hoje ao fazer a minha caminhada, e atravesso o rio em dois locais diferentes, quando passei a primeira ponte, parei e fiquei uns segundos apenas, a olhar o rio.

Tentei parar no tempo e recordar que ali naquele mesmo sítio, foi onde os rapazes aprendiam a nadar, onde tantos peixes foram pescados, e hoje o que resta?

É o progresso.

Depois disto passei por quatro chafarizes, os quais deram de beber a toda a população da terra, e agora secos, servem apenas como meros objectos decorativos, isto é realmente o progresso.

Mas como não adianta chover no molhado, vou cortar a água para outro girão, ao falar no chafariz, lembrei-me de um episódio que alguns amigos se lembram tão bem como eu, no tempo em que havia falta de água as mulheres iam pôr as bilhas de madrugada no chafariz para ganhar vez, quando chegava a hora de abrir a água cada qual ia encher a sua.

Houve vários dias em que apareciam as bilhas partidas, era um maroto de um (Gato) que achava que era uma brincadeira engraçada, e só se descobriu porque a da mãe dele foi a única que não foi partida, não sei se ainda levou alguma palmadita ou não, mas ainda hei-de saber, foi ou não "menino" Carlos.

Por fim vou falar destas fotos que me "levam" há minha infância.

Antes de falar nelas, este mau feitio não resistiu e tinha que deixar, o testemunho da sua revolta contra todos nós que deixamos que tudo isto aconteça à nossa água à nossa vida.

Estas bilhas são memórias das quais não me consigo desligar, embora saiba que qualquer dia a minha casa parece um museu.

A bilha grande era da minha mãe (escapou ao Gato) a outra mais pequena era minha, para eu ir em miúda ao chafariz.

A de Estremoz veio de lá na primeira vez que fomos lá passear, as duas pequenas são das minhas filhas oferecidas por um Grande amigo que já não está entre nós e de quem tenho saudades, o Ti Ze Bajéu.

Bem se diz que as conversas são mesmo como as cerejas.

 Tanta conversa para comemorar o dia Mundial da Água.

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