Peço a Vossa Atenção
Hoje
estou aqui para fazer uma partilha um pouco diferente do habitual.
Sou a
primeira a dizer que o assunto de que vou falar, não é no facebook que deve ser
falado.
Estes
assuntos têm o sítio certo para ser abordados.
O que me
fez trazer o assunto aqui, foi o facto de saber que tenho muitos jovens que
gostam de ler o que publico.
Portanto
hoje o meu apelo é para vós, jovens da minha terra.
Para os
jovens que sabem conversar, que têm disponibilidade e que principalmente sintam
orgulho em ser Saloios e Povoenses.
Esse
orgulho eu tenho, mas o tempo já começa a ficar escasso para as pessoas da
minha idade, têm que ser os jovens a decidir se gostam ou não das memórias dos
seus pais e avós.
Se vale
a pena perder um pouco do vosso precioso tempo e tentar indagar até que ponto é
verdade ou não a conversa que paira no ar aqui na nossa terra.
Chegou-me
aos ouvidos que devido às obras em curso no nosso parque, os tanques e o nosso
chafariz mais antigo, iriam ser destruídos.
Não
tenho nada contra o progresso, sei que é uma boa obra, todos ficam a ganhar com
isso, ficará um lindo espaço, que será uma mais-valia para a nossa terra, que
faz imensa falta um parque de estacionamento, uma das lutas mais antigas de
todos os Povoenses.
Tudo
isso muito certo.
O futuro
é em frente.
Mas
julgo que "não vale tudo menos tirar olhos".
Será que
é necessário cortar o passado para fazer brilhar o futuro?
Será que
não se podem conservar estas memórias tão antigas que têm tanta história para
contar.
Será que
não ganham brilho e dão alma à sua envolvência.
Será que
os nossos netos não vão gostar de olhar e saberem que as suas bisavós lavaram
roupa naqueles tanques.
Que na
época os tanques e o chafariz eram o facebook dos mais novos e dos mais velhos.
Será que
não gostar de saber que em dias de carnaval os jovens passavam as tardes a
encher as mais variadas vasilhas para molhar as raparigas que tinham a ousadia
de passar lá perto.
Sim
porque elas lá no fundo até gostavam, ficavam molhadas a roupa colada ao corpo,
mostravam-se muito zangadas, mas sabiam que estavam a ser muito cobiçadas, e
eles, ai eles então até arregalavam os olhos, o pior era quando aparecia o pai
de alguma, que se fazia muito inocente, mas que sabia muito bem que ao passar o
que lhe ia acontecer.
Será que
não vão gostar de saber alguns segredos que os tanques esconderam.
Vou
citar apenas dois dos muitos que eles não conseguiram esconder de mim, passados
já no meu tempo de café.
Um
namoro muito contrariado, que eu acompanhei, deu em casamento porque ela ficou
grávida e esse rebento (segredado a mim) foi "fabricado" nos tanques
numa noite de Agosto (estou a contar com ordem dos intervenientes) o único que
ainda não sabe é o "rebento" mas um dia destes vai ficar a saber.
Será que
por todos os segredos que estão guardados naquelas paredes, não vale a pena
restaurar e dar vida a estas identidades da nossa terra?
É este o
apelo que lanço aos jovens, mexam-se antes que seja tarde demais, informem-se,
vão à luta, não fiquem à espera que aconteça o que depois não tem remédio.
Não há
fumo sem fogo, sei por experiência própria que quando se começa a lançar
dúvidas há sempre uma ponta de verdade.
Quem já
andou, não tem para andar Já não posso ter muito futuro, mas vocês jovens,
lembrem-se sem passado, não há futuro.
Fico à
espera e quero acreditar que tudo isto não passe de um mal-entendido e que
vamos ter os nossos tanques todos bonitos, pintadinhos de branco e azul e
cheios de vasos com flores.
E quem
sabe se o nosso chafariz não vai voltar a ter a água ligada para matar a sede a
quem passa?
Será que
nos vamos unir e gritar mais alto se para tal for preciso?
Vamos
lá?
Nasci no concelho de Mafra
Meu distrito é Lisboa
Minha terra é pequenina
Mas tem muita gente boa
Sou da Póvoa da Galega
Freguesia é Milharado
Tenho orgulho em ser saloia
Não queria ser de outro lado
Minha terra é pequenina
Mas tem grande coração
Recebe bem quem vier
E a todos dá a mão
Minha terra está mudada
Cresceu e ficou diferente
Mas a vida é mesmo assim
O mesmo acontece à gente
Para mim é a mais linda
Como ela não há igual
E fico muito zangada
Quando dela dizem mal.
Agora Povoenses partilhem.
Passem a palavra e vamos averiguar nos
sítios certos.
Que não se percam as nossas memórias, as
nossas raízes.
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