Gente de Cara Lavada

 

Pensavam que já se tinham vistos livres de mim?

Vou sempre tentar arranjar um tempinho para passar na vossa companhia de que tanto gosto.

O dia de sábado é normalmente dedicado a dar "uma volta à casa" sei que tenho toda a semana para o fazer, mas foi o hábito que ficou do meu tempo de trabalho, é neste dia que me apetece "dar brilho" ao meu aconchego.

Mas para variar (e porque andei toda a semana a vê - las crescer) deu-me uma "veneta" e fui cortar as ervas do passeio, durante duas horas.

Resultado final, não consegui cortar todas e fiquei cansada, com dores nas costas, duas bolhas nas mãos e depois o trabalho cá dentro já não rendeu nada de jeito.

Vantagens e desvantagens de quem faz o que quer.

Ainda por cima iam passando aqueles fazedores de opinião. Ó Ti Rosa, isso é trabalho da Junta de Freguesia, ó Ti Rosa olhe que fica à rasca dos joelhos, ó Ti Rosa veja lá a coluna, ó D. Rosa estraga as unhas todas.

Valha-me a santa paciência.                          

O trabalho não é fácil, porque o passeio é calçada e só se consegue arrancar as ervas com o bico de uma faca.

Fico muito agradecida por tantos cuidados com a minha pessoa, mas ficava muito mais se um ou dois opinadores, tivessem ajoelhado ao meu lado e acabassem o resto que assim ficou para outro dia.

Tudo isto apenas para partilhar convosco um pouco do meu dia.

Vou acrescentar uma "página" do meu caderno, que foi escrita depois de uma "senhora" me dizer que eu devia de ser um "bocadinho" vaidosa, que eu era simples demais, ou melhor dizendo, por outras palavras disse que eu era uma saloia simplória.


Gente de cara lavada
Eu gosto de gente de cara lavada
Com olhos que falam
Sinceros demais
Que não escondem nada
Eu gosto de gente de cara lavada
Que tem sentimentos
Que chora a tristeza
Mas que na alegria
Dá uma gargalhada
Vaidade? Isso é o quê?
Não conheço, nunca vi
Ou já vejo muito mal
Ou não mora aqui
Nem sei qual o seu formato
Não é a minha medida
Não calço esse sapato
Orgulho? Esse sim, eu sei
É até meu conhecido
E sempre me acompanhou
No caminho percorrido
Dele eu nunca me separo
Vive bem colado a mim
A vaidade não conheço
Sou mais feliz assim
Eu gosto de gente de cara lavada
Que grita o que sente
Que quando a machucam
Não fica calada
E o que mais gosto
Que me enche o peito
É de ver o jeito
Dessa gente fina tão incomodada
Porque eu gosto muito
E não estou ralada
E muito orgulhosa
Apenas por ser
Gente de cara lavada

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