As Procissões

Hoje trago imagens das procissões da nossa terra.

Pouco importa se as fotos são pequenas e nem se conseguem reconhecer a maioria das pessoas, o que importa é o que cada um de nós sente ao ver as imagens e o que se recorda dessa época.

Numa época em que toda a aldeia se unia para preparar a festa.

Todas as casas eram caiadas, como brilhavam as barras, a maioria amarelas outras cinzentas, com a chegada das famílias alentejanas que escolheram a nossa terra, para ser a sua segunda terra, começaram a aparecer as barras azuis.

Mas fosse qual fosse a sua cor o importante é que estavam limpas e lindas.

Uma época em que não havia palcos nem ornamentações para alugar (ou se havia, por cá não havia dinheiro para tal) eram os homens que construíam tudo isso, o eucaliptal do Armando Lopes era o maior fornecedor de matéria-prima.

Eram os homens que apanhavam a murta para enfeitar todas as ruas.

E o cheirinho que ficava no ar?

Eram as raparigas novas que palmilhavam toda a freguesia a pedir de porta em porta às prendas para a quermesse.

E quando a banda percorria as ruas e a todas as portas havia um bolinho e um licor para oferecer aos músicos (por isso no fim a banda desafinava) mas ninguém dava por nada, tal era a satisfação de ver a sua terra em festa.

Podia ficar aqui o resto da noite a recordar, mas não vos quero maçar.

Espero que cada um de vós ao ver as fotos, reconheça algum vizinho e recorde um pouco destas vivências da nossa terra.

 

Tocam os sinos na torre da igreja
Há rosmaninho e alecrim pelo chão
Na nossa aldeia que Deus a proteja
Vai passando a procissão

Ó que bonitos que vão os anjinhos
Com que cuidado os vestiram em casa
Um deles leva a coroa de espinhos
E o mais pequeno perdeu uma asa

 

António Lopes Vieira

 


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