As festas da freguesia

Hoje, ao ver da minha janela uns cartazes anunciando as festas da nossa zona, procurei uns rabiscos que tinha sobre as festas do meu tempo de miúda, às quais eu ia com os meus irmãos, outras vezes com o meu pai. Nesse tempo o transporte para as festas era o carro do Fernando: «um bocadinho a pé, outro bocadinho andando», e como era bom, o tempo de bailarico era menor que o tempo do caminho, mas para quem não tinha mais era uma sorte.

As festas da freguesia

Os Santinhos já lá foram
mas não foi a alegria
agora vão começar
as festas da freguesia.

No Val de São Gião
está uma festa animada
não se encontra noutro lado
sandes tão bem recheada.

Todos comem e repetem
e a ninguém cheira a esturro
carne com muita fartura
bifanas feitas de burro.

Mas no fim não houve mortes
e ninguém ficou doente
tanta carne por tão pouco
o povo fica contente.

Comprei rifas na quermesse
lá pelos Casais da Serra
saiu uma pistola de plástico
mas eu não gosto de guerra.

Também fui à Tesoureira
que está partida ao meio
metade em cada conselho
mas eu gostei do passeio.

À Cachoeira não fui
essa a mim passou ao lado
mas não deixei escapar
o São Miguel do Milharado.

São perto e eu gosto muito
Calvos e Vila de Canas
numa comi caracóis
na outra comi bifanas.

Lá na Venda no Pinheiro
na festa dos veraneantes
aparecem muitos tolos
a passarem por «estudantes».

Fomos à festa à Charneca
meu pai bebeu um copinho
depois quando tropeçou
diz que a culpa é do caminho.

Na Asseiceira Grande
é a última, para despedida
para o ano há mais festas
até lá vamos à vida.

A festa da minha terra
para mim é a primeira
e nem fazia sentido
que fosse de outra maneira


Rosa Borges Simões

E assim se passava o verão nas nossas aldeias. Hoje tudo é diferente, e será que é muito melhor?

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